quarta-feira, 26 de outubro de 2016

A importância de uma boa dieta

O que é uma dieta comercial?
Uma dieta comercial é comida que foi pensada e formulada, idealmente tendo em conta as necessidades diárias de nutrientes de um animal.

Porque é que eu não devo alimentar um cão ou um gato com comida caseira? Não é mais saudável e não é mais natural?
Antes de haver dietas comerciais, os cães e gatos comiam invariavelmente os restos da comida dos seres humanos (normalmente pão, alguma gordura e restos de carne ou de peixe). Como consequência, a esperança média de vida destes animais era frequentemente muito inferior à esperança média de vida actual. Há uma verdade aplicável a seres humanos e animais domésticos: nós todos somos aquilo que comemos. O melhor investimento que podemos fazer, em termos monetários e em termos de saúde animal, é na alimentação e na prevenção.

As dietas comerciais de boa qualidade - associadas a bons cuidados médico-veterinários - quase que duplicaram a esperança média de vida dos nossos animais de estimação e podem atrasar o aparecimento de algumas doenças, como a doença articular ou renal. É possível conseguir os mesmos resultados com uma dieta caseira idealmente delineada por um nutricionista, mas é extraordinariamente trabalhoso. Tenha consciência que um cão ou gato habituado a comida caseira, provavelmente nunca vai pegar em ração comercial. Por outras palavras: se vai cozinhar para o seu cão ou gato, tenha consciência que vai ser para toda a vida.

Porque é que algumas dietas são tão baratas e outras tão caras?
Como em tudo na vida, a qualidade tem um custo associado, e as dietas comerciais não são todas iguais. Há dietas comerciais muito boas, há dietas de qualidade média, e há dietas francamente más. Para dificultar ainda mais a vida ao consumidor, muitas vezes a mesma marca tem gamas de diferentes qualidades. Por outras palavras, não se fie apenas na marca, e nem sempre as gamas mais publicitadas são as de melhor qualidade.

Vamos imaginar uma situação: temos duas dietas à base de frango, uma de boa qualidade, e outra de má qualidade. A de boa qualidade utiliza a carne (e eventualmente pode recorrer às vísceras). A de má qualidade, recorre às porções de menor valor económico (osso, pele, penas, patas, bico do frango). O animal que comer a primeira dieta vai ficar saciado com menos comida. O que comer a dieta má, vai estar sempre com fome, vai comer mais e ter tendência para defecar várias vezes ao dia fezes volumosas e moles.

Fezes volumosas são sempre sinal de a dieta ser de má qualidade?
Nem sempre. Fezes volumosas e moles sugerem que a assimilação dos nutrientes não está a decorrer do modo que é suposto. Isso pode ocorrer por culpa da dieta, ou por intolerância intestinal. Este tipo de situação ocorre sim com maior frequência quando a dieta é má, mas se tiver o azar de ter um animal com intestinos muito sensíveis ou com alergia alimentar, pode ocorrer também com dietas de boa qualidade.

Há outros sinais associados a dietas de má qualidade para além de fezes moles volumosas?
Sim, por exemplo o pêlo baço e quebradiço, a seborreia ou descamação da pele, flatulência, borborigmos (ruídos intestinais exuberantes) entre muitos outros.

Se eu tiver o azar de ter um cão com intestinos muito sensíveis, o que devo fazer?
Deve consultar o seu veterinário, e com ele procurar encontrar a melhor solução. Nalguns casos, passa pela realização de provas alimentares, ou pela introdução de dietas hipoalérgicas.

O que são dietas hipoalérgicas?
São dietas terapêuticas, em que a proteína é hidrolisada ou quebrada em porções mais pequenas. As proteínas são a maior fonte de alergia alimentar, e este processo faz com que o organismo não identifique a comida como uma fonte de alergia. No entanto, só faz sentido pensarmos neste tipo de dieta depois de eliminarmos uma série de outras causas para os sintomas, que numa alergia alimentar, podem não ser manifestados exclusivamente por via intestinal.




sábado, 27 de agosto de 2016

Higiene oral de cães e gatos, e destartarizações


Porque é que alguns animais mantêm os dentes aparentemente limpos durante a maior parte da vida, e outros acumulam tanto tártaro? E o que é o tártaro, e que problemas de saúde ele pode causar ao meu animal de estimação?
A boca de um cão ou de um gato está sempre carregada de bactérias, que quando associadas a detritos celulares e a restos de comida, vão formar a placa bacteriana. O tártaro não é mais do que a placa bacteriana mineralizada, que se vai acumulando na superfície dos dentes.


Que factores afectam a acumulação de tártaro? Há alguma maneira de atrasar ou impedir o agravamento do problema?
Há vários factores que afectam ou podem afectar a acumulação de tártaro
- pH da saliva - o pH representa a acidez ou alcalinidade da saliva, que oscila ao longo do dia,  consoante a alimentação; uma saliva muito alcalina favorece o aparecimento do tártaro, enquanto uma saliva mais ácida, favorece o aparecimento de cáries;
- genética - tanto nas pessoas como nos animais de estimação, poderá haver alguma predisposição genética para patologias relacionadas com a higiene oral; em Medicina Veterinária é sabido por exemplo, que os cães de raças pequenas têm mais predisposição para gengivites, periodontites e acumulação de tártaro;
- dieta - uma dieta seca rica em fibra atrasa o aparecimento do tártaro por acção mecânica directa sobre a superfície dentária (por oposição, dietas húmidas por norma favorecem a acumulação de tártaro, porque não têm de ser mastigadas)
- cuidados de higiene oral regulares - nem sempre se consegue fazer tudo, mas consegue-se sempre fazer alguma coisa:
              a) escovagem dentária - é a solução mais eficaz, mas também a menos fácil de executar; há escovas dentárias e gengivais próprias para cães e gatos, e há pastas de dentes apropriadas; uma escovagem regular pode atrasar a acumulação de tártaro (e melhorar o hálito dos nossos amigos) durante anos!
              b) sticks dentários - não se guie apenas pela publicidade, e pergunte ao seu veterinário qual os sticks dentários recomendados; se o seu gosta tanto do stick que nem o mastiga, então ele não está a fazer grande coisa; mais uma vez, a composição do produto faz toda a diferença
              c) elixir oral - não funciona tão bem como a escovagem dentária (por não ter acção mecânica), mas permite diminuir a carga microbiana causadora do mau-hálito e da placa  
              d) pós colocados sobre a comida - há alguns produtos veterinários que têm acção mecânica e enzimática directa sobre o tártaro
              e) brinquedos, ossos de couro, etc - o processo de roer um osso de couro permite evitar que se acumule mais tártaro, por remoção mecânica, e o melhor e que os nossos amigos fazem-no sozinhos enquanto brincam! Atenção que os ossos verdadeiros são muito perigosos, estão completamente desaconselhados, e podem levar o seu amigo de quatro patas para uma sala de cirurgia!!!


Eu tive imenso cuidado, mas o meu amigo de quatro patas tem três anos e está cheio de tártaro e tem mau-hálito. O que devo fazer?
Deve dirigir-se ao seu veterinário para ele avaliar a situação. Há uma altura em que a única coisa que se pode fazer pode fazer é uma destartarização.


O que é uma destartarização?
Uma destartarização é um procedimento cirúrgico de limpeza da cavidade oral realizado sob anestesia geral. A anestesia geral é obrigatória, não só para o cirurgião conseguir trabalhar nas melhores condições, mas sobretudo para evitar a inalação de água fortemente contaminada por bactérias (que facilmente causariam uma pneumonia por aspiração). A anestesia geral também permite que o procedimento seja feito sem os nossos amigos sentirem qualquer desconforto físico.


Como é que é feita uma anestesia geral?
Depende muito das condições do Centro de Atendimento Médico-Veterinário. Idealmente, é injectado um anestésico para induzir a anestesia, que em seguida é mantida com medicamentos que são inalados. O procedimento, quando realizado deste modo, é em tudo semelhante ao que é feito numa cirurgia hospitalar de seres humanos, e com um grau de segurança comparável.


Que cuidados devo ter antes de autorizar uma destartarização?
Antes de mais, permitir que o veterinário avalie a capacidade do paciente de tolerar uma anestesia. Isso é feito durante o exame de estado geral na consulta, mas também com análises de sangue, electrocardiograma, entre outros exames. Em alguns pacientes, que têm a boca de tal modo contaminada, é conveniente fazerem alguns dias de antibiótico antes da data da cirurgia.


Que cuidados devo ter depois?
Em primeiro lugar, garantir que é administrada a medicação prescrita pelo veterinário. Em segundo lugar, garantir todos os cuidados que permitem manter uma boa saúde e higiene oral, anteriormente descritos.


Que consequências podem advir de uma má higiene oral?
Se não forem tomados quaisquer cuidados, e caso a higiene oral se degrade, podem ocorrer diversas situações, desde a queda de alguns dentes, infecções da cavidade oral, abcessos, patologias cardíacas (endocardites bacterianas), ou mesmo êmbolos bacterianos potencialmente mortais.

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Esterilização e castração: sim, ou não?

Esta é uma dúvida que muitos donos de cachorros e gatinhos têm mais cedo ou mais tarde, acerca da necessidade de castrar/esterilizar o seu novo animal de estimação. É com o objectivo de informar, que respondemos a algumas das questões que nos são colocadas mais frequentemente.


O que é exactamente a esterilização de uma cadela/gata?
A esterilização, é um procedimento cirúrgico que exige anestesia geral e que deve ser realizado num meio dedicado com as melhores condições de higiene, recorrendo a material esterilizado, e que consiste na remoção do útero e dos ovários (ovário-histerectomia) ou apenas dos ovários (ovariectomia).

Em que altura é que normalmente é realizada a esterilização?
A esterilização de uma cadela/gatinha é realizada normalmente entre os 6-8 meses de vida.

É obrigatória a esterilização?
Em cadelas de raças potencialmente perigosas, sim, caso não tenha LOP. Em todos os outros animais, a esterilização não é obrigatória mas está recomendada por variados motivos.

Que vantagens é que eu tenho em proceder à esterilização?
Tem imensas vantagens: evita a maçada de vir a ter ninhadas indesejadas, evita todos os transtornos de ter uma cadela ou uma gata com o cio, elimina a possibilidade de ela vir a desenvolver uma infecção uterina e neoplasias no aparelho reprodutor. Se se proceder à esterilização antes do primeiro cio, diminui tremendamente a probabilidade de a cadelita/gatinha vir alguma vez a desenvolver tumores mamários. Há ainda outras situações (como a de cadelas/gatas com diabetes, ou com alergias) em que a esterilização ajuda a estabilizar uma doença, por haver menor flutuação da concentração de determinadas hormonas. 

Como é que se resolve uma infecção uterina?
Normalmente, com a esterilização cirúrgica, antibióticos e muitos outros medicamentos. A cirurgia numa paciente com infecção é frequentemente mais arriscada do que numa paciente saudável.

Sempre ouvi dizer que as cadelas e gatas deviam ter pelo menos uma ninhada para serem saudáveis. É verdade?
Não, isso não é verdade, nem tem qualquer fundamento científico. O único motivo válido para não esterilizar a sua cadela/gata, é se pretender que ela se reproduza intencionalmente. Caso não tenha essa intenção, e não pretenda fazer criação, evita com a cirurgia uma série de problemas e  de despesas futuras totalmente desnecessárias.

O que é que afecta o custo final da cirurgia?
Por norma é realizada uma consulta pré-cirúrgica, análises sanguíneas pré-anestésicas, e eventualmente um electrocardiograma. Habitualmente são utilizados anestésicos injectáveis para induzir a anestesia, que é mantida com anestésicos voláteis (inalados). É fundamental realizar uma boa analgesia para garantir que a paciente não sente dores nem durante o procedimento, nem no pós-operatório. Mais importante do que o custo do procedimento, é a garantia de que são tomadas todas as precauções para tornar o procedimento o mais seguro possível.

A anestesia é segura?
Não há ninguém que possa afirmar que alguma anestesia seja 100% segura, e é por esse mesmo motivo que idealmente se fazem exames e análises para garantir que o paciente tem condições de saúde para ser anestesiado. Deve ser frisado que a probabilidade de uma paciente saudável falecer durante uma cirurgia de rotina, é próxima dos 0%. É para se garantir que a paciente está saudável que se fazem exames.

A cirurgia é complicada?
A experiência torna os procedimentos mais simples. Uma esterilização é uma cirurgia de "barriga aberta". É uma cirurgia frequente, mas não é uma cirurgia menor.

Que cuidados é que eu devo ter no pós-operatório?
Deve procurar garantir que a paciente está num meio calmo, sem grandes agitações durante cerca de 7 dias. Se vir a sua amiga "patuda" muito quieta, a tremer, ou com pouco apetite, é possível que ela tenha dores - mencione esse facto ao veterinário. Animais diferentes respondem aos medicamentos de maneira diferente, e uma dose de analgésico adequada para uma cadela, pode ser insuficiente para outra de outra raça. Nesta fase, a comunicação entre o veterinário e o dono são essenciais. Normalmente o penso é revisto e mudado ao fim de 48 horas, e os pontos são removidos em 8-10 dias.

A esterilização tem alguma consequência menos agradável?
Cadelas e gatas esterilizadas têm tendência para engordar, e por esse motivo devem passar a comer comida para esterilizadas, que tem menos calorias. Basicamente elas ficam com mais apetite, mas tentamos garantir que não engordam. É uma situação que se consegue facilmente contornar com alguma disciplina.

Em que consiste a castração de um cão/gato?
É um procedimento cirúrgico em que é feita a remoção dos testículos, sob anestesia geral, num meio dedicado com as adequadas condições de higiene, e recorrendo a material esterilizado.

Em que altura é realizada a castração?
Normalmente é realizada a partir dos 6 meses de idade.

É obrigatório castrar um animal?
Sim, mas apenas em cães de raças potencialmente perigosas, se não tiver LOP.

Quais são as vantagens em castrar um animal?
Evita ninhadas indesejadas, evita lutas territoriais entre machos (sobretudo entre gatos, mas também nos cães), previne inúmeras patologias prostáticas, e neoplasias testiculares, que são mais comuns na 3ª idade. No caso dos gatos, a castração tem outra vantagem muito importante: evitar que ele lhe marque a casa com urina!

E quais são as desvantagens?
A principal desvantagem é mais uma vez, um aumento da tendência para a obesidade, que pode ser controlada com o recurso a dietas para cães castrados. 

Resumindo e concluindo, eu devo esterilizar/castrar?
Sim, excepto se pretender fazer criação. A esterilização/castração evita uma série de patologias, que cujo tratamento passa quase invariavelmente pela cirurgia. Por outras palavras, se não esterilizar aos 6 meses, pode vir a ter de esterilizar aos 12 anos, em condições provavelmente mais arriscadas.

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Desparasitação interna e externa, em cães e gatos

O que é a desparasitação interna e externa?
Desparasitantes são produtos que têm um efeito tóxico para parasitas, mas que são inócuos para os nossos animais, quando dados nas doses recomendadas. Dependendo se o objecto é eliminar parasitas internos (por ex. lombrigas intestinais) ou externos (pulgas, carraças, ácaros ou insectos voadores) o desparasitante diz-se interno ou externo.

Porque é que eu devo desparasitar o meu animal de estimação?
Porque sai mais barato prevenir uma doença, do que tratá-la. Porque é uma questão de saúde pública (por exemplo, ao evitar que um animal de estimação se contamine a partir do nosso patudo). Porque um animal com parasitas não vai responder a uma vacina tão bem como poderia, e corre o risco de adoecer.

Como é que é feita a desparasitação interna?
Os desparasitantes internos são por norma administrados por via oral (embora nem sempre). Por norma os cachorros e gatinhos são desparasitados na primeira consulta, que costuma ocorrer depois das 6 semanas de vida. A desparasitação é repetida de 15 em 15 dias até aos 3 meses; entre os 3 e os 6 meses de vida, a desparasitação é repetida mensalmente. A partir dos 6 meses de idade, a desparasitação é realizada a cada 3 meses durante o resto da vida.

Há alguma situação em que pode ser realizada com mais frequência?
Sim, se o paciente estiver seguramente com parasitas, pode-se recorrer a um protocolo mais "intensivo", se o veterinário assim o entender.

Como é que é feita a desparasitação externa?
Há várias alternativas. Há pipetas (com administração cutânea, por norma mensalmente), comprimidos (frequência de administração varia consoante o produto), e coleiras. É bastante importante aconselhar-se junto do seu veterinário para saber exactamente qual o produto ou produtos que deve utilizar. Há produtos que são muito bons para alguns parasitas, mas que podem não ser para outros. Há produtos mais caros, e outros que podem ser mais baratos mas menos eficientes. Nem todas as coleiras repelentes são eficazes. Em caso de dúvida, pergunte ao seu veterinário assistente qual a sua opinião, e para tentar encontrar a melhor solução.

Há algum cuidado a ter com os desparasitantes externos?
Há sim. Muita atenção com as doses de produto (a quantidade de desparasitante está relacionada com o peso do animal) e sobretudo, muito cuidado em não administrar desparasitantes de cão a um gato.

Não posso mesmo dar uma gotinha da pipeta do cão ao meu gato?
Não, não pode de modo algum. Um gato pode começar a entrar em convulsão, e pode morrer. Caso se engane, remova o produto com detergente e água, e dirija-se imediatamente ao veterinário. Conte o que aconteceu sem qualquer tipo de problemas. Ninguém o vai julgar, e a única preocupação do veterinário é mesmo salvar uma vida.

Eu só coloco o desparasitante das pulgas no Verão, para poupar algum dinheiro. Faço mal?
Lamento, mas está a cometer um erro. Em primeiro lugar, arrisca-se a que o seu cão apanhe pulgas de outros cães. Muitos cães são alérgicos à picada da pulga, e começam a morder-se para lidar com o prurido. Nos casos mais graves, podem ter de tomar anti-inflamatórios e antibiótico, que sairão sempre mais caros do que o desparasitante. Por outro lado, um cão ou um gato pode apanhar pulgas o ano inteiro. Sai sempre mais barato prevenir que tratar.

sexta-feira, 8 de julho de 2016

A importância da vacinação em cães e gatos (e relação com a saúde das pessoas)

O que são vacinas?
Vacinas são produtos biológicos que são preparados para conferirem imunidade adquirida contra uma determinada doença. Normalmente são sintetizadas a partir de um agente infeccioso enfraquecido ou de proteínas de superfície. O objectivo é estimular o Sistema Imunitário, para este "memorizar" o agente presente na vacina, e reconhecê-lo como o agente que causa a doença. Por outras palavras, um cão vacinado para a parvovirose, se algum dia contactar com o vírus, vai ter à partida anticorpos para lutar contra o vírus causador da doença.

Há imensas vacinas, e há imensos protocolos vacinais diferentes. É fundamental que as vacinas sejam administradas por um veterinário. Dar uma vacina não é apenas dar uma injecção. No acto da vacina, está incluída uma consulta, em que o estado de saúde do cão ou do gato, é avaliado de modo completo. Enquanto o veterinário fala com o dono, ou enquanto brinca com um cachorro, está a fazer uma série de exames sistemáticos (avaliação de mucosas, palpação de gânglios, estado de hidratação, pelo e pele, pulso, auscultação do coração e pulmões, ouvidos, etc) que têm imensa importância: um cão doente que seja vacinado, vai ficar ainda mais doente. Uma vacina administrada por um veterinário deverá ter uma vinheta com um número que identifica cada veterinário, ou no mínimo um carimbo e assinatura. Outra coisa que é essencial, é ter noção que todas as vacinas vêm com um autocolante que tem de ser colado no boletim de vacinas.

Quanto às vacinas propriamente ditas, há várias, e como temos de começar por algum lado, vamos começar por falar das vacinas dos cães. Há imensos laboratórios que produzem vacinas, que em muitos casos são semelhantes a outras vacinas produzidas por outros laboratórios. Por esse motivo, vou falar das doenças cobertas pelas vacinas, em vez de falar da vacina A ou vacina B.


Calendário de vacinas do cachorro
Os cachorros, por norma, começam a ser vacinados entre as 6 e as 8 semanas de idade. É conveniente, embora não seja obrigatório, que um cachorro seja desparasitado uma semana antes da vacina. Porquê? Porque um cão com parasitas, não responde à vacina tão bem como responderia se estivesse desparasitado.

Assim, um cão com 6 semanas pode começar por ser vacinado com uma vacina que lhe dá imunidade contra a esgana e a parvovirose. Tanto a esgana e a parvovirose são doenças potencialmente mortais para os cães (nos casos em que não são mortais, estão normalmente incluídos internamentos e tratamentos hospitalares dispendiosos e uma boa dose de sorte).

Por volta das 9 semanas, é feito o primeiro reforço vacinal. Um reforço consiste numa segunda ou terceira inoculação, que vai estimular a produção de anticorpos pelo sistema imunitário. Esta vacina, normalmente protege para a esgana, parvovirose, hepatite viral canina, leptospirose e vírus da tosse de canil. Por volta das 12 semanas, será feito o segundo reforço (e uma semana depois desta vacina, o cão pode ir à rua e contactar com outros cães).

Cerca de um mês depois, pelas 16 semanas, pode ser administrada a vacina da raiva e o microchip. A vacina da raiva continua a ser obrigatória (a raiva é uma zoonose - ou seja, é uma doença potencialmente mortal e transmissível ao Homem) e só pode ser administrada num cão com microchip.

Este conjunto de vacinas constituem o protocolo vacinal mais básico, que a maioria dos cães faz.

Há depois outras vacinas que são por norma recomendadas: a vacina da tosse de canil, a vacina da Leishmaniose, a vacina da babesiose e a vacina da borreliose ou Doença de Lyme. Destas, as que são mais frequentes são as duas primeiras.

A Tosse de Canil (ou rinotraqueíte infecciosa canina) é uma doença viral (que pode ter complicações bacterianas) que é altamente contagiosa.

A Leishmaniose é uma doença transmitida por um insecto (flebótomo) que transmite um parasita do sangue. A doença é transmissível ao Homem, é mortal se não for tratada atempadamente, e o tratamento e monitorização são bastante dispendiosos.

A babesiose e a borreliose são algumas das doenças que podem ser transmitidas pelas carraças.


Calendário de vacinas do gatinho
Os gatinhos começam a ser vacinados pelos dois meses de idade. A primeira vacina que fazem é uma vacina que protege contra a gripe viral dos gatos (a chamada "coriza") e contra a panleucopénia felina (que é uma doença viral que causa diarreias hemorrágicas frequentemente mortais).

Cerca de quatro semanas depois, pelos três meses de idade, fazem o reforço vacinal. Depois, fazem por norma uma pausa até aos seis meses de idade, altura em que são castrados e esterilizados. Pelos sete meses fazem por norma a vacina da leucemia felina (seguida do reforço, um mês depois).


Porque é que eu hei-de vacinar?
Por vários motivos. Em primeiro lugar, porque é da responsabilidade do dono zelar pela saúde do seu animal de estimação e evitar que ele sofra desnecessariamente. Em segundo lugar, porque sai muito mais barato prevenir do que tratar uma doença.